A insegurança e o medo têm tomado conta da rotina da comunidade universitária da Universidade Federal do Piauí (UFPI). E o motivo? A falta de segurança nas dependências do Campus Ministro Petrônio Portela, em Teresina tem levado docentes a comunidade universitária ao desespero. Só para recordamos, no dia 22 de setembro deste ano, no Centro de Ciências da Educação – CCE , uma docente e sua turma foram vítimas de um arrastão durante o período noturno, em que foram rendidos em plena sala de aula . Os relatos apontam para um crime premeditado e a professora foi obrigada a recolher os pertences de seus (as) discentes para entregar ao criminoso que portava uma arma de fogo.
Mais recente, nesta última quarta-feira (30), um boato de grandes proporções estabeleceu um pânico generalizado na Universidade Federal do Piauí ocasionando o cancelamento de aulas em diversos centros de ensino da UFPI, resultando de maneira absurda, no trancamento de diversos professores e alunos em salas de aula, bem como o fechamento de portões e vias de acesso à universidade.
A notícia que circulou rapidamente entre os grupos da universidade, informava que um ex-aluno curso de filosofia, comunicado pela própria família, estaria em direção a UFPI portando uma arma branca com a intenção de assassinar alguém no Centro de Ciências de Humanidades e Letras – CCHL, também não identificado.
As informações apuradas sobre o assunto apontam que o ex-aluno esteva passando por um quadro de surto psicótico, cujo o mesmo, segundo fontes, sofre de transtornos psicoemocionais, e no momento do ocorrido estava em uma forte crise! Acontecimentos como estes nos levam a questionar a atuação da Administração Superior no que se refere a este ponto essencial para a condução de atividades na universidade; A segurança de todas as pessoas que frequentam e dependem da UFPI! Quase ninguém sente-se seguro nas dependências da instituição de ensino.
“Aqui, a segurança patrimonial se preocupa mais com estado de conversação dos prédios, janelas, vidros mais do que com as vidas das pessoas. Ou seja, temos uma segurança patrimonial no campus, mas não temos uma segurança humana que minimamente nos proteja dessas ações. E essas questões de assaltos na UFPI não é nenhuma novidade”, destaca uma estudante do curso de Letras do CCHL.
Por sua vez, a UFPI afirmou em nota que “A Universidade Federal do Piauí (UFPI) mantém ações permanentes para garantir a segurança da comunidade acadêmica, não medindo esforços nesse sentido”, no entanto, não são estas as ações que vimos acontecer na prática. Em nota extraoficial para a imprensa, A superintendência de Comunicação da UFPI informou apenas que:
“A Divisão de Vigilância da Instituição realizou rondas nessa quarta (30) atendendo a chamados no CCE e CCHL, em que um ex-aluno estaria circulando pelos locais importunando a comunidade acadêmica. A Polícia Militar foi chamada para as providências cabíveis. No fim da manhã de ontem, o ex-aluno já não se encontrava mais nas dependências do Campus. A Vigilância da Universidade esclarece que não foi possível confirmar que o ex-aluno portasse arma branca. Informa ainda que não existe junto à Vigilância denúncia formal recente de ocorrência praticada pelo acusado contra servidores ou alunos da UFPI”.
Não se sentir seguro no interior da UFPI, é, sim, resultado de uma política omissa e frágil no que tange às estratégias de seguridade da instituição. Em ofício solicitado pela ADUFPI a respeito do plano estratégico de segurança da UFPI, a Administração Superior destaca em apenas 8 (oito) pontos quais medidas serão implementadas para resguardar a vida de mais de milhares de pessoas que diariamente transitam na instituição, sendo estes; Ampliação do número de câmeras de vigilância no Campus, descentralização do sistema de monitoramento, intensificação dos serviços de rondas, parceria com a Polícia Militar do Piauí, reduzir os acessos de entrada e saída, realizar levantamento dos espaços vulneráveis, com vistas a reforçar a segurança e por fim, redefinir os postos de segurança, bem como reposicionar os colaboradores da segurança, colocando-os em pontos estratégicos e visíveis.
Nada é mais revoltante, para nós, professoras e professores, do que ouvirmos que nossos estudantes não irão mais frequentar as aulas por medo de serem violentados por estas práticas.
A pergunta que não nos deixa ter paz é a seguinte: Você se sente seguro na Universidade Federal do Piauí com estas medidas de segurança? E mais! Estas medidas são efetivas, do ponto de vista tático, para gerenciar supostas crises e supostas tentativas de atendados?
Nós, do Sindicato dos docentes da UFPI, exigimos da Administração Superior uma maior atuação nesta frente que envolve grandes riscos à vida das pessoas que transitam, estudam e trabalham na universidade. Exigimos uma maior transparência quanto aos dados de segurança no que se refere a distribuição destes profissionais no interior da instituição, bem como quais estratégias serão implementadas para reverter esta situação, quais são as escalas de dias e horários por centro e por setor da UFPI. Tudo isso deve ser apreciado pelo bem de todes.
É pelo direito de todas, todos e todes que estas informações devem ser publicizadas, visto que, não podemos mais esperar para que o pior aconteça. Precisamos cobrá-las, e desta forma, incitamos toda categoria docente, estudantes, técnicos e terceirizados a fazer o mesmo, pois são nossas vidas, as vidas de nossos (as) alunos (as), colegas de trabalho e das pessoas que realizam os serviços diários desta universidade que estão em perigo constante.
A ADUFPI não medirá esforços até que estas questões sejam devidamente respondidas, bem como, informamos que continuaremos nossas ações sindicais visando pressionar os órgãos competentes para que ações concretas sejam realizadas a fim de que seja priorizada a vida de todas, todos e todes na Universidade.
Por uma UFPI segura, democrática e inclusiva.