Um estudante do 5º período do curso de Psicologia da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPAR) foi detido hoje pela manhã por ter feito um simples grafite em banco de praça desta instituição de ensino superior. Depois de levado à delegacia da Polícia Federal em Parnaíba, o aluno assinou Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e foi liberado no início da tarde, para responder processo em liberdade.
O aluno assistia aula quando três policiais militares, juntamente com quatro funcionários terceirizados da segurança da Universidade bateram à porta da sala de aula para levá-lo à polícia. Ele só não foi retirado à força da sala por causa da intervenção do professor que ministrava aula. O estudante também escapou de ser levado algemado à delegacia no camburão da PM porque houve uma rápida mobilização do movimento estudantil e de membros do movimento docente universitário, impedindo essa ação mais truculenta.
“Depois de ouvir qual seria a acusação e também ter conversado rapidamente com o estudante, percebi que se tratava de uma ação exagerada e completamente desproporcional por parte da equipe de segurança e da PM. Só liberei o aluno com a garantia de que eu pudesse acompanha-lo até a reitoria, onde esperaríamos por um advogado, para então fôssemos à delegacia”, afirmou o professor João Paulo Macedo, do curso de Psicologia, e membro da direção regional da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Piauí (Adufpi secção UFDPAR). “Foi um ato totalmente arbitrário e autoritário, que precisa ser amplamente repudiado, sobretudo no momento político em que o país atravessa, em que há fortes ameaças aos direitos democráticos e às eleições”, completa João Paulo.
De acordo com representantes do movimento estudantil e da Associação de Docentes da Universidade Federal do Piauí (Adufpi secção Parnaíba), a ação policial teve motivação política e se trata de tentativa de intimidação dos movimentos sociais que estão organizando assembleia geral para quarta-feira da próxima semana. Nesta atividade, serão socializadas, à comunidade universitária, denúncias feitas pela Adufpi ao Ministério Público Federal, dentre outras, em que se pede investigação de irregularidades na administração superior da UFDPAR e afastamento do reitor. “Ontem realizamos reunião com representantes do movimento estudantil para divulgarmos na comunidade universitária a assembleia geral de quarta-feira. É muito estranho que a detenção de um aluno que participa de atividades do movimento estudantil seja detido em menos de 24 horas depois dessa reunião”, disse João Paulo.