Nos últimos anos, as universidades públicas brasileiras têm enfrentado um processo sistemático de cortes nos investimentos, que se intensificou de forma significativa a partir de 2018 com a promulgação do teto de gastos. Esse processo se agravou ainda mais a partir de 2019 com os chamados “contingenciamentos,” um termo cunhado para minimizar o impacto dos cortes sistemáticos nos investimentos na educação pública brasileira.
A falta de recursos afeta diretamente a manutenção da infraestrutura física e compromete a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão. Essas reduções drásticas no orçamento representam uma afronta direta às condições de trabalho dos docentes, à gestão universitária e, sobretudo, ao direito à educação pública, gratuita e de qualidade.
Nesse contexto, a Universidade Federal do Piauí (UFPI) também tem sofrido cortes orçamentários significativos ao longo dos anos, e agora se vê novamente desafiada por mais um contingenciamento. Entretanto, as questões relacionadas às condições de trabalho na UFPI não se limitam apenas aos investimentos financeiros. Há, sobretudo, uma necessidade urgente de uma gestão racional e eficiente para com os recursos disponíveis, bem como a atenção para aspectos fundamentais da governança e da administração interna da estrutura universitária no seu dia a dia.
As condições de trabalho dos(as) docentes são essenciais para que a função social da UFPI seja cumprida de maneira eficaz. Sem recursos suficientes e uma gestão administrativa eficiente, torna-se inviável manter laboratórios funcionando, bibliotecas atualizadas, projetos de pesquisa ativos e, sobretudo, assegurar um ambiente de trabalho digno e estimulante para docentes e discentes. A precarização das condições de trabalho afeta diretamente a qualidade do ensino, as oportunidades de aprendizado dos estudantes, a produção científica, além de desvalorizar a carreira docente.
Neste contexto, é imperativo que haja uma reorganização da luta política pela recomposição do orçamento das universidades públicas, bem como o acompanhamento constante das normas e das rotinas que moldam a gestão administrativa de nossa universidade. Esta luta deve ir além dos muros da universidade, envolver a sociedade civil, os movimentos sociais, estudantes e, principalmente, a categoria docente. O sindicato, como legítimo representante dos(as) docentes, tem um papel primordial na mobilização e na articulação de ações que visem pressionar o governo federal e o congresso pela reversão dos cortes e pela ampliação dos investimentos nas universidades públicas.
A diretoria da ADUFPI mantém seu compromisso com a defesa da universidade pública e, para isso, tem se dedicado a ações que abordam a questão do desinvestimento em educação, mesmo em períodos de governos progressistas. Para tanto, tem articulado campanhas de conscientização e promovido debates visando fortalecer a unidade da categoria em torno da defesa de uma universidade pública, gratuita, plural e socialmente referenciada. A recomposição do orçamento não é apenas uma questão financeira; trata-se de um compromisso com o futuro da educação pública no Brasil, com o desenvolvimento científico e com a promoção da justiça social.
Assim, conclamamos todos(as) as(os) docentes da UFPI a se unirem nesta luta, participando ativamente das atividades promovidas pelo sindicato com vistas a fortalecer nosso processo de mobilização. É hora de recompor, reorganizar e tornar a UFPI uma universidade ainda mais acessível, plural e comprometida com as necessidades da sociedade.
Nossa força está na união e apenas com determinação coletiva seremos capazes de assegurar o futuro da nossa universidade.
A Diretoria.