Com 73 dias de gestão, redigimos esta nota com o objetivo de tornar público e esclarecer certos fatos. Tem sido reiterado os ataques, por diferentes meios à gestão do sindicato e, em particular, à presidência. Desde que assumimos, não foram poucos os ataques, alguns diretos e outros bem mais sutis, atravessados por questões de gênero. Nada que não esperávamos, tendo em vista que nossa sociedade é atravessada, além das questões de classe e raça, por questões de gênero, elemento estruturante das relações e, portanto, as violências de gênero atravessam também as demais relações, com especial intensidade nos espaços de poder. O que não esperávamos era o modo e os sujeitos(as) produtores desses ataques.
A adoção de práticas de distorção de fatos, de divulgação proposital de informações incorretas como forma de descredibilização pública da história de luta e de vida, tanto da instituição quanto das pessoas, demonstra como as estruturas violentas de gênero se expressam. O ápice desses ataques ocorreu na última semana, quando a presidência deste sindicato foi acusada, entre outras falas distorcidas e oportunistas, de ter se apropriado de forma indevida de recursos, uma ação que distorce a realidade para, de forma ardilosa, produzir desgaste, dúvidas e mentiras sobre nossa gestão, mas também sobre nossa dignidade como professoras/servidoras públicas.
Como mulheres de luta e de militância que somos, não vamos nos silenciar porque acreditamos que só enfrentamos essas estruturas quando damos voz ao que acontece. Quando assumimos esta direção, sabíamos que não seria fácil, mas não tínhamos a dimensão de que algumas pessoas se esqueceriam que somos colegas de trabalho, professoras e pesquisadoras da mesma instituição. Não esperávamos ausência de conflito, de divergência e de críticas, já que esses são elementos que nos movem. Mas esperávamos que ocorressem dentro dos limites da ética e do respeito. Esse, infelizmente, não parece ser o cenário.
Como mulheres de luta, estamos vindo a público para dizer que nossos joelhos não se dobraram a essas violências e não se dobrarão; que vamos tomar as devidas medidas legais frente aos ataques e mentiras proferidos; que nos manteremos firmes denunciando toda e qualquer forma de violência. Nossa luta não esmorece com essas ações; o silêncio não é uma opção para nós.
Aos nossos associados e associadas, esperamos que esta nota lhes encontre bem. São tempos difíceis de desvalorização do nosso trabalho e de luta por condições dignas de vida. Pedimos que nossa nota seja compreendida como um esclarecimento e denúncia, mas também como um convite à reflexão sobre como queremos conduzir nossas ações enquanto coletivo. Divergências, conflitos de posição e interpretação política são parte intrínseca do nosso fazer no mundo, entretanto, quando feitas de forma a desrespeitar nossos(as) interlocutores(as), violentando e distorcendo fatos, estamos subvertendo nossos princípios mais elementares.
Por acreditar que a luta se faz no coletivo, no respeito a todas as pessoas, na divergência produtiva, afirmamos que nos manteremos firmes no nosso propósito e na luta.