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CRIANÇAS INDÍGENAS WARAO ATENDIDAS NA ODONTOPEDIATRIA DA UFPI COM O APOIO DA ADUFPI

No dia 12 de agosto de 2022, crianças da etnia Warao, residentes na Casa de Passagem do Governo do Estado do Piauí e no abrigo do bairro Vila Concordia, administrado pela Associação Beneficente São Paulo Apostolo – ABESPA, foram atendidas na Clínica da Odontopediatria da UFPI. Essa atividade visou dar continuidade a assistência odontológica iniciada no dia 05 de abril de 2022, trata-se de um retorno para avaliação dos procedimentos realizados. Ao todo, 38 crianças foram atendidas.

A Diretora Sindical da ADUFPI, Carmen Lúcia Silva Lima, que realiza pesquisa com os Warao, estabeleceu parcerias importantes para a viabilização da assistência odontológica das crianças. Em suas palavras:

Na Odontopediatria da UFPI contamos com o empenho das queridas professoras Lúcia de Deus, Marina Moura e Marcoeli Moura, que orientaram os acadêmicos e organizaram todo o atendimento. Tatiana Oliveira e Dante Galvão, do Núcleo de Educação Escolar Indígena e Quilombola – NEEIQ/SUEB da SEDUC/PI, contribuíram para a liberação do ônibus da Seduc que fez o deslocamento das crianças.  Luciana Fontes, da Cáritas disponibilizou a equipe do Projeto Orinoco/Projeto Ciranda Latina para mobilizar as famílias no preparo das crianças e acompanhou toda a ação nos dando o suporte necessário. O atendimento das crianças Warao só foi possível graças ao empenho dessas pessoas e o apoio dessas instituições”.

As professoras Lúcia, Marina, Marceli ficaram muito satisfeitas com o retorno das crianças à UFPI, pois no atendimento constataram resultados positivos em termos de saúde bucal das crianças. Para elas, esta é uma evidência da eficácia do trabalho realizado.

A professora Lúcia de Deus, com bastante alegria destacou que “Estamos fazendo uma reavaliação dos tratamentos realizados no semestre anterior, firmando esse compromisso com a Professora Carmen, e chamamos todas as crianças que começaram o tratamento ou não no semestre passado para que viessem hoje e fossem reavaliadas. Faremos uma doação de creme dental com escova de dente e aplicação de flúor para as crianças. Hoje, aqui foram realizados procedimentos de canal, colocação de coroa, extrações e restaurações, todo tipo de serviço odontológico. E agora, com essa nova reavaliação, tivemos essa ótima surpresa em ver que todo trabalho está dando resultados e as crianças, principalmente, estão com a saúde bucal em dias”.

 

Da mesma forma, ressaltou a Professora Marceli Moura ao comentar que: Em 4 meses de tratamento, os resultados são muito positivos, as lesões encontradas nos primeiros momentos estão todas cicatrizadas, e nós estamos vibrando por este trabalho tão bem feito.

O atendimento contou, ainda, com a participação do antropólogo Raoni Borges Barbosa, bolsista PNPD da FAPEPI, e da professora de Eliane Anselmo da Silva, Pró-Reitora Adjunta de Extensão da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte – UERN e membro do Comitê Estadual Intersetorial de Atenção aos Refugiados, Apátridas e Migrantes do Rio Grande do Norte – CERAM/RN. Raoni realizará o projeto de pesquisa “Os Warao no Piauí: a dinâmica migratória e o processo de aldeamento urbano no cenário pandêmico da Covid-19”, uma investigação interinstitucional, que será supervisionada por Carmen Lima e contará com a participação de Eliane Anselmo da Silva (UERN), Carlos Alberto Marinho Cirino (UFRR) e Jenny González Muñoz (UFMG).

A professora Eliane, a convite de professora Carmen, veio à Teresina participar da reunião executiva do projeto citado e aproveitou para visitar os Warao na Casa de Passagem e conhecer o atendimento odontológico fornecido as crianças. Ela destacou: “É muito importante esse trabalho de acompanhamento ao povo Warao realizado pela universidade em Teresina. Nossa pretensão é trocar experiências em vista de aprimorar as ações de pesquisa e extensão realizadas na UERN, UFPI, UFRR e UFMG. A pesquisa de Raoni será o nosso elo de ligação nos próximos 3 anos”.

Raoni Barbosa está bastante motivado com a pesquisa de pós-doutorado com os Warao em Teresina. Ele destaca que: “A minha atuação com esta coletividade em Mossoró – RN foi o elemento motivador para propor a pesquisa em Teresina, pois muitos dos que se encontram lá viveram aqui. O diálogo e a parceria com pesquisadores/as da UFPI, UERN, UFRR e UFMG permitirá entender de forma mais aprofundada o deslocamento deste povo no Brasil”. Totalizando um contingente populacional de cerca de 310 indígenas, os Warao são originários da Venezuela e chegaram na capital piauiense no ano de 2019 na condição de migrantes refugiados.