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ADUFPI oferta formação pedagógica para ensino do povo Warao

 

Na manhã desta segunda-feira (5) aconteceu no auditório da ADUFPI uma formação intitulada “Ideias para construir e aplicar um guia pedagógico com Warao na escola a partir da sensibilização cultural”,  voltada para os profissionais da educação que trabalham com indígenas Warao. A iniciativa foi organizada pela ADUFPI, em parceria com a Cáritas Arquidiocesana de Teresina, o Núcleo de Educação Escolar Indígena e Quilombola (NEEIQ) da Secretaria de Estado da Educação (SEDUC) e o Núcleo de Educação Sem Fronteiras da Secretaria Municipal de Educação (SEMEC).

 

Na oportunidade, professores, educadores sociais e pesquisadores presentes participaram de uma manhã de formação, constituída de palestras, dinâmicas e atividades culturais, mediadas pelos professores venezuelanos Jenny Gonzalez e Henry Vallejo. Participaram também 12 educadores Warao, que foram contratados pela Seduc para atuar nas escolas de Teresina, onde estão sendo acolhidas as crianças indígenas.

 

Para a Diretora Sindical da ADUFPI, Carmen Lima, a formação pedagógica oferecida é muito importante, pois favorecerá a inclusão dos indígenas Warao no contexto escolar de Teresina. “Refletir sobre a construção de um guia pedagógico diferenciado, que respeite a cultura e a identidades do povo Warao, é um passo importante para uma educação intercultural”, ressaltou.

 

As atividades começaram com a professora Jenny Gonzalez reproduzindo um ritual Warao que utiliza o fogo como elemento central. Em seguida, proferiu uma palestra sobre educação indígena, utilizando a mitologia Warao. Ela narrou o mito tradicional do Jarayakerea e refletiu sobre o significado que ele possui, para informar como se estrutura a cultura Warao. “Somos feitos de mitos. A partir deles, podemos progredir enquanto sociedade e observar essa transformação cultural”, destacou.

 

Já o professor Henry Vallejo ensinou por meio do artesanato. Ele propôs a construção de uma maracá com objetos recicláveis, destacando a cultura e a musicalidade dos povo Warao. Com a atividade, ele buscou demonstrar que as trocas entre os diferentes costumes são importantes e alertou aos educadores que o povo Warao possui uma cultura milenar, mas que é bastante dinâmica. É necessário observar as permanências e as mudanças que sendo efetivadas nos deslocamentos realizados. “Não devem obriga-los a incorporar o padrão de cultura da sociedade envolvente. Também precisamos ver como eles podem nos enriquecer através da partilha dos conhecimentos que possuem”, afirmou.

 

Representando a SEMEC, a Gestora do Ensino Fundamental dos Anos Iniciais, Bárbara Anny, explicou que apesar dos Warao estarem na capital desde 2019, apenas em 2022 começou o atendimento de fato a esse grupo. Atualmente, são cerca de cem alunos entre 4 a 17 anos nas escolas municipais. Existem turmas específicas para eles, com letramento no ensino regular, como previsto pela Lei das Diretrizes Básicas da Educação (LDB), mas com aulas de espanhol também. “Nós entendemos que a cultura deles deve ser preservada e respeitada, por isso nossos professores passam por formações constantes”, explicou. A gestora celebrou ainda que em breve as escolas estaduais receberão os Warao na modalidade de Ensino de Jovens e Adultos (EJA).

 

Luciana Fontes, coordenadora pedagógica da Cáritas, disse que a possibilidade de diálogo com os professores venezuelanos que ministraram a formação é uma contribuição valorosa para os processo educacional em andamento. Os conhecimentos ofertados será uteis para as professoras da rede municipal e estadual e para as educadores sociais da Cáritas, que fazem o trabalho de assistência e proteção nos abrigos.

 

Em nome do NEEIQ da SEDUC, Maria Raquel Barros Lima, manifestou a satisfação com as parcerias que possibilitaram a realização do momento de formação. “Desejamos avançar na implementação da política de educação para os indígenas no Piauí. O trabalho em parceria é um caminho promissor para a superação dos desafios e a construção de uma educação inclusiva, que respeite a diversidade de cada povo”, foi o que ela assegurou.

 

Povo Warao

Os indígenas Warao vieram para o Brasil com migrantes refugiados em virtude da crise socioeconômica e política que atinge a Venezuela. Segundo os registros, os primeiros núcleos familiares chegaram ao Piauí em 2019. Atualmente, Teresina abriga mais de 200 indígenas Warao, que vivem em abrigos distribuídos pela capital.

 

Texto: Marcos Davi Beleense Lopes