A ADUFPI em parceria com o Núcleo de Estudos, Pesquisas e Extensão em Educação do Campo, da Universidade Federal do Piauí – NUPECAMPO, esteve presente no I Seminário de Combate ao Fechamento das Escolas do Campo no Piauí. A atividade ocorreu no Auditório do CCE – Maria Salomé Cabral, no campus da UFPI em Teresina, nesta quarta-feira (19). O objetivo do seminário é reunir professores e estudantes da universidade e redes de ensino e representantes de movimentos sociais para impedir que as escolas continuem sendo fechadas.
O seminário busca incentivar diálogos e iniciativas de combate ao fechamento das escolas, “o seminário é um processo de escuta com os movimentos sociais do campo do estado do Piauí, as organizações sociais camponesas, os estudantes, os intelectuais que dialogam sobre a questão do fechamento das escolas. É uma iniciativa de combate a esse fechamento predatório que está existindo hoje nas escolas do campo no estado, essa temática já vem sendo discutida, ela é objeto de várias pesquisas e esse momento é um processo de escuta, onde esta aqui o Movimento sem terra (MST), Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Piauí (FETAG-PI), a Comissão Pastoral da terra (CPT), o movimento indígena, o movimento quilombola, o movimento negro e vários movimentos que dialogam essa questão estão presentes para traçar objetivos para o enfrentamento a essa realidade aqui no estado” afirma Messias Nassau, Mestrando em educação pelo programa de pós graduação da UFPI e também membro do núcleo de pesquisa de educação do campo que foi um dos organizadores da atividade.
O professor Elmo de sousa Lima, que é coordenador do núcleo de estudo e pesquisa de educação no campo e também coordenador do programa de pós graduação em educação da UFPI reitera que apesar do seminário discutir o fechamento das escolas de campo os movimentos sociais já atuavam de forma individual em alguns municípios “É o primeiro seminário que a gente está desenvolvendo com vários movimentos sociais para discutir especificamente o fechamento das escolas de campo, mas já existem outras lutas que os movimentos sociais tem feito para discutir o fechamento das escolas em municípios específicos. Como exemplo, nós temos o movimento quilombola que já tem empreendido algumas lutas de nível local em defesa de determinadas escolas em determinadas comunidades, nós temos o movimento indígena também que tem feito essa luta. Os movimentos têm feito lutas de forma individual. O seminário é o momento que a gente está juntando todo mundo para fazer um debate coletivo”
Também são pautas reivindicadas no evento, o combate às dificuldades enfrentadas pelos alunos de educação do campo. Socorro Arantes, professora do curso de pedagogia e coordenadora do núcleo de pesquisa e extensão em educação na UFPI destaca: “As principais dificuldades dos alunos de educação do campo em primeiro lugar seria o sistema de entrada que é um conjunto de burocracias que não facilita a inscrição dos sujeitos do campo no edital. Depois, aqueles que entram na universidade enfrentam dificuldades de alojamentos para ficar, de alimentação, de material didático para permanecer dentro da universidade, não contam com recursos para participar de eventos científicos que é o que prevê e o que exige a universidade nas suas três dimensões, ensino, pesquisa e extensão. Alem de não ter disponibilidade de transporte”
A professora pontua ainda que as dificuldades enfrentadas na educação de campo aumenta a desigualdade educacional e exclui os sujeitos do campo no acesso à universidade, por isso a luta dentro no estado do Piauí contra o fechamento das escolas do campo é tão importante, conclui.
O evento além de discutir ações contra o fechamento das escolas do campo buscou também maneiras para qualificar o processo de ensino e aprendizagem nas escolas. A presidenta da ADUFPI, Professora Marli Clementino,ressalta as ações discutidas “ A primeira coisa é o não fechamento das escolas e a construção de novas escolas, a melhoria na infraestrutura das escolas já existentes e formação de profissionais da educação, por exemplo,nas licenciaturas da educação no campo que hoje tem em todo o país, no caso da Universidade Federal do Piauí também, pois temos quatro campi que oferece licenciatura em educação do campo, Picos, Floriano, Bom Jesus e Teresina”.
O Seminário contou ainda com mesa de debate contra o fechamento das escolas de campo com presença do defensor público da união Benoni que é do observatório quilombola e combate o fechamento das escolas através do Ministério Público Federal. Uma exposição da pesquisadora Juliane Frazão, que está fazendo doutorado na PUC de São Paulo, mas fez mestrado na ufpi e pesquisa sobre a questão do fechamento das escolas de campo. Além de uma roda de conversa mais animada no PPGED com todos os movimentos onde ouviram a experiência da comunidade Macacos que é um quilombo que enfrentou o fechamento de uma escola e que a comunidade não permitiu o seu fechamento.