Após dois adiamentos, o julgamento do caso Janaina Silva aconteceu no último dia 29 de setembro, tendo início por volta das 9h e terminando quase às 6h da manhã do dia seguinte (30/09). O Tribunal do Júri determinou que Thiago Mayson cumprisse pena de 18 anos e 6 meses pelo assassinato da estudante de jornalismo da UFPI, Janaina Silva, em 28 de janeiro de 2023, nas dependências da UFPI.
Ao longo do dia 29, em frente ao Fórum de Teresina, movimentos sociais e estudantes se reuniram para cobrar justiça nesse caso. A ADUFPI, a Frente Popular de Mulheres Contra o Feminicídio, o DCE-UFPI e o Levante Feminista Contra o Feminicídio foram alguns dos movimentos que organizaram uma aula pública em frente ao local do Julgamento como uma forma de discutir o tema feminicídio e protestar por justiça.
A professora Carmen Lima, Diretora Sindical da ADUFPI e Antropóloga, foi uma das debatedoras da aula pública e destacou em sua fala a importância de estar presente nessa ação. “Para nós enquanto ADUFPI é uma prioridade gritarmos por justiça pela Janaina. Estamos sempre presentes nas ações de luta por justiça e pelo combate à violência contra as mulheres”, disse a professora.
Outra das debatedoras foi Madalena Nunes, da Frente Popular de Mulheres Contra o Feminicídio, que enfatizou a importância de cobrar o poder judiciário. “Estamos acompanhando e cobrando o judiciário e o poder público a darem uma resolução para esse feminicídio tão bárbaro. Nós acreditamos que é nos organizando em todos os espaços que estamos para nos fortalecer para cobrar mais direitos, o fim da violência contra a mulher, o fim do feminicídio”, expressou Madalena.
Rossana Marinho, professora da UFPI e pesquisadora na área de violência de gênero, foi a última das debatedoras da aula pública. Ela classificou como um dever político da sociedade e universidade acompanhar o julgamento e cobrar justiça nesse caso. “Quando a sociedade acompanha atentamente o julgamento de um caso de feminicídio é mais provável que a justiça perceba que ela está sendo monitorada. Estamos aqui hoje para dizer que é inadmissível que a gente continue contabilizando essas mortes (de mulheres) e que essa realidade não se altere em favor da vida das mulheres”, colocou a professora.
ALGO MUDOU NA UFPI?
Após o julgamento do caso Janaina fica a pergunta se a UFPI está mais segura para os alunos, especialmente para as estudantes. Desde antes da tragédia a ADUFPI já alertava para diversos pontos sensíveis no quesito segurança. Após o feminicídio a associação passou a atuar ainda mais, se movimentando para cobrar segurança para a Universidade, levando as reinvindicações para a Administração Superior.
O Diretório Central dos Estudantes da UFPI também tem se movimentado nesse sentido de cobrar ações efetivas. Anne Fernandes, estudante da UFPI e uma das Coordenadoras do DCE, coloca que desde antes do assassinato da Janaina o movimento estudantil já alertava para os perigos da falta de segurança dentro da universidade. “Haviam poucos seguranças e uma iluminação precária em vários locais da universidade. Depois do assassinato da Janaina, a iluminação voltou em certos pontos, mas ainda é pouco e a melhoria na segurança de verdade nunca ocorreu”, manifestou Anne.