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#MêsDasMulheres Conheça o trabalho de doutorado da primeira Professora Doutora em Educação da UFPI

A inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho, nas universidades e sobretudo em locais de tomada de decisões da sociedade contemporânea é um debate que constantemente amplia sua pedagogia e processos formativos, conseguindo cada vez mais transformar mentalidades a respeito da pauta e das lutas históricas que sucedem estes processos.

 

Na Universidade Federal do Piauí, a Professora Letícia Carolina, agora, Professora Doutora em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGED  da UFPI, recentemente, conseguiu galgar mais etapa em sua jornada acadêmica, conquistando o título de Professora Doutora.  Este fato representa um marco na história em nossa instituição visto que a ocupação legítima dessas e desses sujeitos sociais nas universidades ainda precisa de mais difusão.

 

Às vésperas de um 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o sindicato parabeniza a professora por trazer tamanha contribuição para a UFPI e também anseia que mais mulheres e homens trans  ingressem como docentes em nossas instituições afim que cada vez mais, por meio da construção de lutas coletivas e por esforços de protagonismos autônomos, consigamos vencer os diversos desafios e entraves educacionais no Brasil, sempre com o objetivo de fazer deste espaço, um ambiente inclusivo, com respeito à vida, à ciência e democraticamente à todas as pautas de lutas da categoria docente, hoje, honrosamente representada também pela Primeira Professora Doutora Trans da Universidade Federal do Piauí, Letícia Carolina.

 

E iniciarmos o mês que celebra, enaltece e fortalece a luta das mulheres, preparamos um bate papo com a Professora Letícia Carolina, a respeito da apresentação de seu trabalho e também dos objetivos almejados com a pesquisa. Confere só.

Professora Letícia, explique pra gente sobre o que fala sua tese?

A pesquisa teve por objetivo: cartografar os modos de (des)educar as performances de 05 jovens transvestigêneres criam dentro das universidades públicas piauienses (UFPI e UESPI) a partir do confronto com as normas regulatórias de gênero. Considerando que de acordo com os dados da Andifes apenas 0,8% dos estudantes em instituições públicas de ensino superior são pessoas transvestigêneres, sendo 0,1% de Mulheres Trans*, 0,1% de Homens Trans* e 0,6% de pessoas não-binária, a categoria travesti não é usada na pesquisa. Entre as problemáticas enfrentadas encontram-se: o desrespeito ao nome social, a insegurança ao usar o banheiro e a ausência de assistência estudantil.

 

No que se refere ao uso do nome social nas instituições com quais situações nos deparamos?

Sobre o nome social tanto a UFPI como a UESPI possuem dispositivos legais próprios que garantem seu uso, todavia além de lento e burocrático o corpo técnico e docente precisa de treinamento e educação para assegurarem o respeito pleno ao nome social. Do mesmo modo, em relação ao banheiro é fundamental uma campanha educativa que oriente o uso de acordo com o gênero que a pessoa se identifica.

 

E no que se refere à assistência estudantil?
Sobre a assistência estudantil, as bolsas além de escassas não consideram a travestigeneridade um critério de inclusão, entende-se que devida a exclusão histórica de pessoas transvestigêneres no ensino superior, é fundamental que os programas de bolsas delimitem porcentagens para este público específico. Como táticas de resistência na universidade, ês/as jovens transvestigêneres apostam no transcentramento das relações, ou seja, se aproximar de outras pessoas trans, e nessa perspectiva interagem também virtualmente com outrês/as jovens transvestigêneres a partir de grupos de Whatsapp e outras redes sociais, trocando informações e afetos. Além disso, constroem ou tem por referência coletivos sociais de ativismo.

Quais conclusões podemos ter a partir de seu trabalho?
A partir dos traçados experimentados entre ês/as jovens transvestigêneres, duas pedagogias se evidenciam, a primeira, a “Pedagogia do Cansaço” que se revela na necessidade imposta as/ês jovens de explicar sobre suas identidades e direitos implicando em um cansaço. E a segunda, a “Pedagogia do Barraco” que acontece quando as/ês jovens precisam agir de forma energética, se exaltando ou chamando a mídia para terem seus direitos atendidos.