Pular para o conteúdo

Dia Nacional de Combate ao Racismo

Tratar sobre o racismo implica necessariamente no reconhecimento de sua existência e dominância.

Gostaríamos de utilizar o espaço dessa publicação para fazermos uma perguntar: Você já deve ter presenciado um ato de racismo em algum momento da vida, porém, VOCÊ se considera uma pessoa racista? É bastante provável que muitos respondam que não a este questionamento, mas o que sabemos sobre o racismo e suas formas de manifestação?

Em entrevista, o intelectual e geógrafo Milton Santos ao ser interpelado sobre a questão do racismo no Brasil, respondeu que “os, brasileiros, de modo geral, não têm vergonha de serem racistas, mas, têm vergonha de dizerem que são racistas. É algo permanente na história das relações interétnicas no Brasil, e que tem como consequência a dificuldade de aproximação e análise diante da questão”.

Tratar sobre o racismo implica necessariamente no reconhecimento de sua existência e dominância. Usar a negação para tratar do assunto, por si só, já é uma atitude racista, pois infere-se sobre a inexistência da problemática. Não é um assunto confortável, porém precisa ser amplamente discutido se um dia quisermos resolver essa mazela social tão profunda. Há quem diga que os tempos mudaram e que não há nenhuma dívida histórica a ser sanada. E há o povo preto, que vivencia há séculos a experiência de ser marginalizado em sua essência. O racismo existe e está mais próximo do que se pode imaginar. Está no olhar de insegurança, no receio e na desconfiança, naquele sentimento de medo que faz uma pessoa trocar de lado da rua ao ver um negro vir em sua direção, a marca colonial eurocêntrica impressa de forma desumanizante em um povo.

Neusa Santos Souza, no livro “Tornar-se Negro” nos diz que: “Saber-se negra é viver a experiência de ter sido massacrada em sua identidade, confundida em suas perspectivas, submetida a exigências, compelidas a expectativas alienadas. Mas é também, e sobretudo, a experiência de comprometer-se a resgatar sua história e recriar-se em potencialidades”.Portanto, para a data de hoje, façamos o exercício de refletir sobre como seria viver em um mundo em que qualquer atitude sua seria vista como suspeita e passível de punição somente por sua cor de pele. O antirracismo acontece, no momento em que buscamos o reconhecimento do privilégio de não ser discriminado na sociedade em virtude de sua cor, cultura, história e costumes. Repense!